Uma língua Mãe
Nívea Moraes Marques
A pureza implora uma linguagem-flor
Uma língua Mãe
Uma linguagem- tia Aurora
Um país casto e manso
Só apenas nove horas
Fugindo de sono sem estribeiras:
Eu falo como quem morre!
E minha língua de esfarrapados espinhos
Não é matéria para a coroa de Cristo
É fibra próxima dos pés
Rôta chagada empesteada de sangue
Empapada do pó das estradas
(Mais um dia perfumada
por amor e arrependimento)
Calçada das sandálias feitas
do couro macio das misericórdias.